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Tempestade nun pingo d’água

No artigo,diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes , aborda o tratamento da mídia sobre a fala do presidente Lula sobre a violência nas escolas.

Setores da imprensa deram um destaque significativo a uma fala do presidente Lula sobre a violência nas escolas. O apresentador do globo, Marcos Mion, ficou irritado a partir de sua interpretação de que Lula em 18/04/23, fez uma fala que foi considerada capacitista.  Ele se refere aos termos “deficiência mental” e problemas de “desequilíbrio de parafusos.” Argumenta ainda que Lula liga “deficientes intelectuais diretamente aos casos de violência”


Lula falou: “Nos temos noção da quantidade de indústria de dá tiro que se montou nesse país” e relaciona isso ao massacre em Blumenau, fala ainda que a Organização Mundial da saúde estima que 15% das pessoas têm algum problema de “deficiência mental” e no Brasil significa “quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso” e que “pode uma hora acontecer uma desgraça, então nós temos que pensar e analisar a saúde mental dessas crianças dentro da escola. https://www.poder360.com.br/saude/psiquiatras-criticam-fala-de-lula-sobre-transtornos-mentais/


Logo depois, em 22/04/23, Lula pede desculpa pelos termos utilizados e argumenta: “Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo”. Lula reafirma sua defesa da inclusão: “Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados.”


Os termos usados nos diversos campos do conhecimento sofrem aperfeiçoamentos e modificações que as vezes nem mesmo profissionais da área dominam bem, assim nós tínhamos por exemplo a utilização do termo Pessoa Deficiente, Pessoa Especial, Pessoa com Necessidade Especial (PNE), Pessoa Portadora de Deficiência (PPD), Pessoa com Deficiência (PcD).


No caso das declarações de Lula, para uma interpretação honesta, fica claro que no conteúdo de suas falas, o presidente condena a proliferação de armas de fogo, aponta um problema identificado pela OMS que estima em 15% de pessoas no mundo com algum tipo de transtorno mental,  defende o cuidado com a saúde mental das crianças nas escolas e uma política inclusiva.

 

Assim setores da imprensa que silenciaram e até apoiaram a enxurrada destrutiva de vidas que foi o governo Bolsonaro, distorcendo fatos, fazem uma tempestade num pingo  d’água e com isso contribuem para enfraquecer a democracia, abrindo espaço para a retomada do autoritarismo e neofascismo.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ