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Bomba atômica e tarifaço

Carlos Pronzato aborda, em seu artigo, fala sobre bomba atômica e tarifaço

Em 8 de maio de 1945 a Alemanha nazista assinou a rendição. A Segunda Guerra Mundial tinha acabado. Acabado? No país de Trump - quem só nasceria no ano seguinte -, o presidente Roosevelt (1882 - 1945), fumante empedernido, faleceu em abril de 1945, assumindo Harry Truman (1884 - 1972), que além de liderar seu país na Guerra Fria que viria na sequência, foi o responsável pelo lançamento das duas únicas bombas atômicas que a humanidade conheceu. O alvo foi o Império do Japão, que ainda não tinha se rendido: Hiroshima, em 6 de agosto de 1945 e Nagasaki, três dias depois, em 9 de agosto. Em 15 de agosto o Japão anunciou a sua rendição e em 2 de setembro a assinou.

 

 

O Projeto Manhattan, liderado por Robert Oppenheimer (1904 - 1967), concluiu com sucesso a utilização desta arma letal. O Enola Gay, um bombardeiro B-29 sobrevoava Hiroshima a cerca de 10 km de altura quando soltou a bomba Little Boy, que explodiu no ar, a aproximadamente 600 metros do solo. "Às 8:14 era um dia de sol, às 8:15 era um inferno. Era o ruído do universo explodindo” relatou um sobrevivente. A fissão de 64 quilos de urânio teve uma força equivalente a 15 mil toneladas de dinamite, causando uma onda de calor de 4.000°C em um raio de 4,5 km. Uma área de 10 km2 da cidade foi devastada. No dia da explosão morreram entre 50 mil e 100 mil pessoas e acredita-se que os efeitos do ataque atômico causaram, após 4 meses, a morte de 160 mil pessoas.

 

 

Já o bombardeiro Bockscar, também um B-29, lançou a bomba Fat Man, que explodiu a 500 metros do solo de Nagasaki, liberando uma energia equivalente a 21 mil toneladas de dinamite. Mais forte que a explosão de Hiroshima, a localização desta cidade encerrada entre dois vales, restringiu a área da explosão. Contudo, se calcula em até 50 mil mortes apenas nesse dia. “Havia pessoas com as entranhas caindo do corpo” descreveu um sobrevivente. Cerca de 40 % da cidade ficou em ruínas. Estudos afirmam que o total de vítimas, em dezembro de 1945, após ferimentos e efeitos da radiação, pode ter ultrapassado as 210 mil pessoas.

 

 

80 anos depois dessa obscura página da história da humanidade ter sido virada (virada?), eis que retorna à Casa Branca Donald Trump para dar continuidade a mortífera história do seu país, erguendo os últimos frangalhos da sua liderança mundial diante da ameaça da multipolaridade do BRICS (grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, para aumentar sua influência no cenário global). O início do tarifaço (resposta ao declínio dos EUA, que está em curso desde os anos 1990 pela ascensão da China) começa coincidentemente na próxima quarta-feira 6 de agosto. Alguém duvida da mensagem norte-americana ao mundo?

 

 

*Carlos Pronzato é cineasta, diretor teatral, poeta e escritor. Sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB).
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