Salvador à deriva da violência
A gestão do combate à violência tem sido desastrosa e ineficaz, ao ponto de Salvador ser apontada como a cidade com maior proporção de mortes violentas entre as capitais, com 66,4 mortes para cada 100 mil habitantes em 2022, de acordo com o Atlas da Violência. Números vergonhosos.
Por Camilly Oliveira
A ciclo de violência em Salvador isola a população e as comunidades, divide famílias, e deteriora a saúde e educação. A segurança pública, segundo a Constituição, é de responsabilidade dos governos estaduais, mas a complexidade da espiral de violência faz com que o tema ganhe destaque na esfera municipal.
A gestão do combate à violência tem sido desastrosa e ineficaz, ao ponto de Salvador ser apontada como a cidade com maior proporção de mortes violentas entre as capitais, com 66,4 mortes para cada 100 mil habitantes em 2022, de acordo com o Atlas da Violência. Números vergonhosos.
O BRT, umas das obras mais desnecessárias do país, custou aos cofres da prefeitura, apenas na construção do trecho Iguatemi, R$ 283 milhões. Mesmo com esse montante investido, não houve retorno, já que a população não aderiu, por que, pasmem, não havia necessidade de usá-lo. Agora, a prefeitura segue cortando e encurtando linhas de ônibus, para forçar a população a usar o BRT.
Em contrapartida, o orçamento anual da Guarda Municipal, principal braço de segurança da cidade, é de apenas R$ 98 milhões. Priorizar o bem-estar da população não é prioridade, visto que os efeitos da violência são sentidos em todas as áreas.
Um ônibus por mês é incendiado na cidade, principalmente em bairros periféricos. Profissionais da saúde são amedrontados e pacientes têm medo de andar por determinados bairros em busca de ajuda. As escolas e creches enfrentam arrombamentos e as suspensões de aulas têm sido rotineiras. Desde o início do ano letivo, 21 unidades de ensino da rede municipal suspenderam aulas em razão de tiroteios. A cidade continua mergulhada em um estado de medo e desordem.