Saúde mental não espera, Fenaban
A categoria vive uma realidade marcada por metas abusivas, assédio institucionalizado e gestões baseadas na pressão. O resultado é o crescente adoecimento físico e emocional.
Por Julia Portela
Enquanto os bancos seguem batendo recordes de lucro, a saúde dos bancários é tratada com descaso. Essa foi a tônica da reunião realizada nesta segunda-feira (30/06), em São Paulo, entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).
A pauta é urgente: saúde mental e a implementação das Normas Regulamentadoras (NRs) nº 1 e nº 17, que tratam da organização do trabalho e da proteção à saúde dos trabalhadores. No entanto, novamente, a resposta das empresas ficou aquém do esperado.
A categoria vive uma realidade marcada por metas abusivas, assédio institucionalizado e gestões baseadas na pressão. O resultado é o crescente adoecimento físico e emocional. Ainda assim, os bancos pedem mais tempo. Alegam que não conseguiram concluir uma simples cartilha de orientações sobre assédio e ambiente saudável, compromisso assumido na reunião anterior, em abril.
“Não há mais espaço para discursos vazios. A categoria exige medidas concretas dos bancos na execução das NRs. Estamos lidando com a saúde de milhares de trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato da Bahia, Elder Perez, presente no encontro.
A Norma Regulamentadora nº 1, atualizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, tem prazo para ser implementada até maio de 2026. Mas o Sindicato alerta: o adoecimento não pode esperar. Os bancários exigem a aplicação imediata das diretrizes, com participação ativa dos sindicatos, construção paritária dos programas de prevenção e enfrentamento real das causas do sofrimento psíquico - metas inalcançáveis, assédio e falta de autonomia.
Também foi cobrado o uso de ferramentas de avaliação transparentes e a garantia de que o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) reflita a realidade vivida nos locais de trabalho, e não apenas relatórios distantes da prática.
“Os bancos não podem continuar tratando a saúde dos trabalhadores como um detalhe administrativo. Cada dia de omissão custa caro para quem está na linha de frente, pressionado e adoecendo em silêncio, enquanto os lucros seguem crescendo”, conclui Elder Perez.