A cor da pele define salários
Séculos de exploração não foram apagados e o mercado de trabalho escancara isto todos os dias. A desigualdade não é acaso, mas resultado do sistema que privilegia uns e condena outros a lutar pelo básico. Enquanto isto, discursos vazios sobre meritocracia tentam esconder a realidade de um país onde a cor da pele ainda define oportunidades.
Por Camilly Oliveira
Séculos de exploração não foram apagados e o mercado de trabalho escancara isto todos os dias. A desigualdade não é acaso, mas resultado do sistema que privilegia uns e condena outros a lutar pelo básico. Enquanto isto, discursos vazios sobre meritocracia tentam esconder a realidade de um país onde a cor da pele ainda define oportunidades.
Entre 2012 e 2023, a renda de trabalhadores negros foi, em média, apenas 58,3% da dos brancos, segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Em 2023, negros ganharam R$ 2.199,04, enquanto brancos receberam R$ 3.729,69.
A discrepância persiste mesmo com o aumento na presença de negros em cargos gerenciais, que subiu 33,7%, sem reverter a concentração de poder e riqueza. No trabalho doméstico, a situação piorou: mulheres negras passaram a ganhar proporcionalmente menos em relação às brancas.
O racismo também se manifesta no desemprego. A taxa de desocupação das mulheres negras segue sendo a maior do país, embora tenha caído de 8,9 para 7,4 pontos percentuais em relação aos homens brancos. Sem políticas firmes para combater esta realidade, a estrutura de exclusão se mantém e a falsa ideia de progresso se desfaz diante dos números. O Brasil não pode aceitar que ser negro ainda signifique ganhar menos, ter menos oportunidades e enfrentar mais barreiras para sobreviver.