Paternidade não é ajuda. É direito
Apesar da conquista, o período é ínfimo diante das reais necessidades da mãe e do bebê, que precisam de apoio e cuidado por um tempo muito maior.
Por Julia Portela
A licença-paternidade dos bancários já teve avanços significativos. A categoria foi uma das primeiras a conquistar a ampliação da licença para 20 dias, 15 a mais do que os 5 dias previstos por lei. Para isso, o trabalhador deve se cadastrar no programa e apresentar o certificado do curso de paternidade responsável, realizado antes do nascimento ou adoção da criança.
No entanto, essa ainda é uma pauta permanente de luta da categoria. Apesar da conquista, o período é ínfimo diante das reais necessidades da mãe e do bebê, que precisam de apoio e cuidado por um tempo muito maior. O pai, assim como a mãe, também deveria ter garantidas condições adequadas para exercer plenamente a paternidade e estabelecer o vínculo nos primeiros meses de vida da criança.
A diferença entre os prazos de licença evidencia um problema maior: a normalização da desigualdade de gênero no ambiente corporativo. Enquanto a licença-maternidade pode chegar a 180 dias (120 + 60 dias), a paternidade segue limitada a apenas 20.
Essa diferença reforça o papel tradicional da mulher como única responsável pelo cuidado, perpetuando um discurso sexista que sobrecarrega as mães e isenta os homens da corresponsabilidade no lar.
A luta por uma licença-paternidade mais justa deve ser de todos. Não dá para aceitar continuar exaltando o protagonismo das mulheres como "guerreiras", enquanto elas seguem sozinhas e sobrecarregadas. Uma sociedade verdadeiramente equitativa se constrói com responsabilidade compartilhada — inclusive no cuidado com os filhos.