Assédio provoca adoecimento

Longe de ser um comportamento isolado, o assédio moral está inserido na lógica perversa do sistema financeiro, que transforma o local de trabalho em espaço de adoecimento.

Por Julia Portela

O assédio moral continua sendo uma das práticas mais perversas dentro das instituições financeiras. Embora costume partir de gestores e superiores hierárquicos com gritos, humilhações públicas, metas abusivas ou falas depreciativas, também se manifesta entre colegas de mesma função, configurando o chamado assédio moral horizontal. O ambiente de competição excessiva e pressão por resultados, estimulado pelos bancos, alimenta este tipo de conduta.

 


Longe de ser um comportamento isolado, o assédio moral está inserido na lógica perversa do sistema financeiro, que transforma o local de trabalho em espaço de adoecimento. Muitas vezes disfarçado de “pressão por performance”, o assédio é naturalizado e ignorado, até que suas consequências explodam em forma de doenças físicas e psicológicas.

 


Adoecimento mental já é a principal causa de afastamento entre bancários. Desde 2013, transtornos como depressão, estresse crônico e síndrome de burnout superaram as lesões por esforço repetitivo. A violência cotidiana, imposta pelas metas abusivas e pelo medo constante de represálias, cobra seu preço com uma categoria cada vez mais exausta e vulnerável.

 


O assédio acontece tanto no trabalho presencial quanto no remoto. E, quando silenciado, aprofunda ainda mais as marcas deixadas pela exploração e pelo descaso. Tratar esta violência como algo “normal do ambiente bancário” é ser cúmplice de uma estrutura que adoece e mata, lentamente.

 


Assédio moral é crime e precisa ser combatido com seriedade. Toda denúncia deve ser apurada. O sindicato dos Bancários da Bahia segue atuando com firmeza para garantir que nenhum bancário sofra calado diante das injustiças do ambiente de trabalho.