Desigualdade racial na educação
De acordo com o levantamento, baseado em dados do IBGE, apenas 69,5% dos jovens pretos, pardos e indígenas concluem o ensino médio até os 19 anos. Entre brancos e amarelos, o índice chega a 81,7%.
Por Itana Oliveira
Mesmo com avanços graduais, o Brasil ainda convive com diferenças marcantes no acesso e na permanência de estudantes no ensino médio, especialmente entre jovens de diferentes grupos raciais. Este cenário, segundo estudo divulgado pelo Todos pela Educação, reflete desigualdades estruturais que atravessam a história do país e seguem influenciando o percurso educacional de milhões de estudantes.
De acordo com o levantamento, baseado em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 69,5% dos jovens pretos, pardos e indígenas concluem o ensino médio até os 19 anos. Entre brancos e amarelos, o índice chega a 81,7%. Há 10 anos, a distância era ainda maior: 66,3% entre brancos e 46% entre negros. A redução tem acontecido, mas em ritmo lento: 0,8 ponto percentual por ano, em média. Mantida a tendência, o país levará cerca de 16 anos para equiparar os indicadores.
O estudo também aponta que um em cada quatro jovens de até 19 anos está fora da escola sem ter concluído a educação básica, em muitos casos por precisar trabalhar ou por falta de perspectiva de continuidade.
O recorte socioeconômico amplia ainda mais as desigualdades: entre os mais pobres, só 60,4% dos jovens finalizam o ensino médio no tempo esperado; entre os mais ricos, o índice chega a 94,2%.
Para especialistas, políticas públicas que garantam condições de permanência são essenciais para acelerar a mudança. Uma das iniciativas citadas é o Pé-de-Meia, que oferece auxílio financeiro a estudantes do ensino médio, R$ 200,00 mensais, bônus anual de R$ 1.000,00 e adicional de R$ 200,00 para quem faz o Enem, valores liberados após a conclusão da etapa. Até o fim de 2024, o programa atendia 3,95 milhões de alunos, cerca de 50,6% das matrículas do ensino médio.
