Mesmo em cargos de liderança, negros ganham menos

Entre 2012, quando começou a série, até 2023, a melhora no quadro foi de apenas 6%, saindo de 39% para 33%. Segundo o estudo, em todos os campos pesquisados, brancos ganham mais. 

Por Itana Oliveira

A disparidade causada pela cor da pele no Brasil atinge mesmo quem alcança cargos de liderança. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pretos e pardos que trabalham como diretores e gerentes recebem, em média, 34% menos do que brancos nos mesmos cargos.

 

Entre 2012, quando começou a série, até 2023, a melhora no quadro foi de apenas 6%, saindo de 39% para 33%. Segundo o estudo, em todos os campos pesquisados, brancos ganham mais. 

 

Profissões de ciências e intelectualidades apontam R$ 2.200,00 a mais. 

 

Diferença entre salários em cada cargo

Diretores e gerentes: R$ 3.385,00

Profissionais das ciências e intelectuais: R$ 2.220,00

Trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e da pesca: R$ 1.627,00

Técnicos e profissionais de nível médio: R$ 1.238,00

Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares: R$ 934,00

Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados: R$ 765,00

Operadores de instalações e máquinas e montadores: R$ 503,00

Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios: R$ 477,00

Trabalhadores de apoio administrativo: R$ 451,00

Ocupações elementares: R$ 262,00

 

A desigualdade social pode ser vista por outro ângulo: 17,7% das pessoas brancas têm ocupação de diretores e gerentes. Entre pretos e pardos o número é de apenas 8,6%

 

O rendimento dos trabalhadores por hora, segundo a pesquisa, constata que, em média, os brancos ganham R$ 24,60, valor 64% a mais do que a hora trabalhada do preto ou pardo (R$ 15,00). A análise aponta que nem mesmo a qualificação profissional modifica o cenário: o rendimento por hora chegava a R$ 43,20. Já para os negros, R$ 29,90. Ou seja, a hora trabalhada do branco com diploma vale 44,6% a mais do que a do preto e pardo. É a maior diferença entre todos os segmentos de escolaridade.

 

Políticas sociais fazem parte da gestão atual e apresentam resultados. No entanto, o Brasil, último país das Américas a abolir a escravidão da população negra, ainda não conseguiu devolver o direito à dignidade da maior parte do povo brasileiro