A fórmula brasileira para o desastre político

Não basta disputar a internet, é preciso alfabetizar politicamente um povo inteiro. Ensinar a pensar virou ato revolucionário. Sem isto, o país continuará empurrado ao abismo, com 5g funcionando, mas sem consciência de classe, política e educacional. 

Por Camilly Oliveira

O Brasil se digitalizou antes de se alfabetizar funcionalmente, e isto moldou um cenário político aterrador. A extrema-direita entendeu rápido a lógica da ignorância conectada com discursos rasos, sensacionalismo barato e fake news viraram armas de manipulação em massa. Sem saber interpretar o que se lê, milhões passaram a consumir ódio como se fosse opinião e a repetir slogans como se fossem ideias.

 


A política virou espetáculo de desinformação, e enquanto a esquerda ainda aposta em argumentos, dados e projetos, a extrema-direita viraliza com frases de efeito e vídeos distorcidos. A ausência de leitura crítica alimenta a negação da ciência, o culto à força bruta, o moralismo hipócrita. O bolsonarismo não nasceu por acaso, é filho direto da falência educacional brasileira.

 


Em um país que poucos conseguem interpretar uma manchete, a verdade virou opcional. A mentira, desde que grite mais alto, vence. Grupos políticos autoritários se aproveitam da confusão para deslegitimar instituições, desacreditar a imprensa, atacar a democracia. O eleitor funcionalmente analfabeto é o alvo ideal para o populismo reacionário: não questiona, apenas replica.

 


Não basta disputar a internet, é preciso alfabetizar politicamente um povo inteiro. Ensinar a pensar virou ato revolucionário. Sem isto, o país continuará empurrado ao abismo, com 5g funcionando, mas sem consciência de classe, política e educacional.