Campos nativos em extinção
Segundo relatório do MapBiomas, o pampa é o bioma que mais perdeu áreas naturais desde 1985. Representando apenas 2,3% do território nacional, abriga cerca de 9% de toda a biodiversidade do país, com mais de 12.500 espécies e muitas delas, exclusivas.
Por Julia Portela
Quando se fala em preservação ambiental, o foco costuma recair sobre as florestas. Mas esta visão limitada ignora a riqueza de outros biomas brasileiros, igualmente importantes e ameaçados. Cerrado, caatinga, pantanal e, sobretudo, o pampa, seguem destruídos em silêncio. Uma invisibilidade que tem custo alto: perda de biodiversidade, degradação ambiental e um futuro menos habitável.
Segundo relatório do MapBiomas, o pampa é o bioma que mais perdeu áreas naturais desde 1985. Representando apenas 2,3% do território nacional, abriga cerca de 9% de toda a biodiversidade do país, com mais de 12.500 espécies e muitas delas, exclusivas. É um território de riqueza natural imensa: um único metro quadrado pode conter até 57 espécies de plantas nativas.
O principal responsável por este processo é o agronegócio. A conversão dos campos nativos em lavouras de soja, voltadas para exportação e lucro, é a maior causa da devastação. Hoje, mais de 45% do pampa já foram tomados pela agricultura, 63% dessa área destinada a lavouras, principalmente soja, e 9% à silvicultura. O avanço desta lógica destrutiva atende aos interesses de poucos e compromete o equilíbrio ambiental de todos.
É preciso romper com a falsa narrativa de que o agro “alimenta o mundo” enquanto destrói os ecossistemas e esgota os recursos naturais. O que está em jogo não é só a vegetação — é o direito das próximas gerações a um país com qualidade de vida, ar puro, água limpa e diversidade. Preservar o pampa e outros biomas não florestais é urgente. O futuro não cabe na monocultura.