Saúde não é negócio: é direito
Dados do CFM (Conselho Federal de Medicina) mostram que o Pará tem a segunda pior proporção de médicos do país: são apenas 1,38 profissionais para cada mil habitantes. O estado só não está em pior situação do que o Maranhão.
Por Julia Portela
Dados do CFM (Conselho Federal de Medicina) mostram que o Pará tem a segunda pior proporção de médicos do país: são apenas 1,38 profissionais para cada mil habitantes. O estado só não está em pior situação do que o Maranhão. A escassez de médicos não é novidade para quem vive na região Norte, um território historicamente negligenciado pelas políticas de saúde e infraestrutura.
Esta desigualdade é movida por uma lógica de mercado que empurra profissionais para os grandes centros urbanos, onde há maior retorno financeiro e estrutura. Já as regiões mais pobres seguem com postos vazios e atendimentos básicos comprometidos. A consequência é grave: diagnósticos tardios, falta de acompanhamento e uma população cada vez mais vulnerabilizada.
Apesar do cenário ainda crítico, houve avanços. Até 2013, a região Norte contava com apenas 0,8 médico por mil habitantes. Com a criação do programa Mais Médicos naquele ano, o número de profissionais dobrou: passou de 15.624 em 2011 para 30.549 em 2024. Com o incentivo, profissionais se deslocam para áreas mais carentes, ampliando vagas de formação e incentivando a permanência de médicos nas regiões que mais precisam.
A resolução está em romper com a lógica da saúde como negócio e propor outra perspectiva: formar profissionais comprometidos com o cuidado, a cidadania e o serviço público. A mudança estrutural não é rápida, mas com políticas consistentes, incentivos corretos e vontade política, é possível transformar a expectativa de vida de milhões de brasileiros. Saúde não pode ser um privilégio, mas sim um direito garantido em todos os territórios.