Cessar-fogo estratégico

O cessar-fogo, portanto, não é o fim da guerra, mas um intervalo de uma tragédia sustentada pelo poder econômico e militar do Ocidente. O Hamas celebra o acordo como uma vitória simbólica da resistência palestina, enquanto Israel tenta preservar a narrativa de superioridade militar. Entre as ruínas, a população civil continua pagando o preço de um conflito moldado por interesses geopolíticos, onde cada vida perdida é reduzida a estatística e cada gesto de “paz” é apenas mais uma face da hipocrisia internacional. 

Por Camilly Oliveira

O cessar-fogo entre Hamas e Israel, foi efetivado com a libertação de 20 reféns vivos na segunda-feira (13/10), e marca um momento tenso de trégua estrategicamente construída. Hamas entregou sete prisioneiros pela manhã e outros 13 mais tarde, via Cruz Vermelha, enquanto Israel começou a libertar 1.968 presos palestinos (incluindo 250 sentenciados à prisão perpétua) sob os termos do acordo negociado. 

 


O pacto foi costurado por mediadores como Egito, Catar e Turquia, com intermediação decisiva dos EUA no que foi vendido como “plano de paz de 20 pontos” impulsionado por Trump. Mas não há heroísmo inocente na “mediação”. Apesar do discurso triunfalista de Washington, a interferência norte-americana é marcada por contradições gritantes. 

 


Foram os próprios Estados Unidos que abasteceram Israel com bilhões de dólares em armas, tecnologia militar e apoio político incondicional, garantindo a continuidade da ofensiva em Gaza. Agora, após dois anos de destruição, o mesmo país tenta se apresentar como “salvador da paz”. 

 


A manobra tem clara motivação eleitoral e busca reposicionar Trump no tabuleiro internacional, explorando o desgaste diplomático deixado Joe Biden e o cansaço global diante das cenas de genocídio transmitidas diariamente.

 


O cessar-fogo, portanto, não é o fim da guerra, mas um intervalo de uma tragédia sustentada pelo poder econômico e militar do Ocidente. O Hamas celebra o acordo como uma vitória simbólica da resistência palestina, enquanto Israel tenta preservar a narrativa de superioridade militar. Entre as ruínas, a população civil continua pagando o preço de um conflito moldado por interesses geopolíticos, onde cada vida perdida é reduzida a estatística e cada gesto de “paz” é apenas mais uma face da hipocrisia internacional.