Violência de gênero: uma tragédia cotidiana
O sexismo continua sendo o fantasma que ronda a vida de todas as mulheres, impondo um sentimento permanente de vulnerabilidade, seja dentro de casa, no ambiente de trabalho ou nas ruas.
Por Julia Portela
Segundo a Fiocruz, a principal forma de violência sofrida por jovens brasileiros é a agressão física (47%), seguida pela violência psicológica (15,6%) e sexual (7,2%). Quanto mais jovem a vítima, maior a proporção de violência física; quanto mais velha, maior a violência psicológica.
Porém, a tragédia ganha contornos ainda mais brutais quando olhamos para a realidade das mulheres. O Brasil registrou, apenas no primeiro semestre de 2025, uma média de quatro feminicídios e 187 estupros de mulheres por dia, de acordo com o Mapa Nacional da Violência de Gênero.
O sexismo continua sendo o fantasma que ronda a vida de todas as mulheres, impondo um sentimento permanente de vulnerabilidade, seja dentro de casa, no ambiente de trabalho ou nas ruas. Apesar de uma discreta queda nos números de estupro, este ano, o patamar segue inaceitável: 33.999 casos entre janeiro e junho.
Os números não podem ser tratados como estatísticas frias, pois revelam a ausência de políticas públicas eficazes e a negligência que ainda insistem em reduzir o tema a uma questão moral, em vez de o Estado assumir responsabilidade enquanto gestão pública.
A realidade é brutal: a violência de gênero não é apenas uma questão de segurança, mas de sobrevivência. Mulheres estão morrendo todos os dias, seja no corpo, seja no psicológico. E, ainda mais grave, a sociedade tem naturalizado a barbárie, deixando de se indignar diante da violência que massacra metade da população.
É urgente fortalecer o debate público, garantir informação clara e exigir do Estado políticas efetivas de proteção, acolhimento e prevenção. Não há democracia possível enquanto mulheres continuarem sendo assassinadas, violentadas e silenciadas.