Juros e endividamento correm o orçamento

Quando se olha para a base da pirâmide social, a situação piora. Entre os trabalhadores que recebem até três salários mínimos, quase 90% convivem com dívidas.

Por Ana Beatriz Leal

Em um cenário de encarecimento do crédito por conta da política monetária predatória do Banco Central, que mantém a Selic em 15% ano, o que eleva o Brasil ao segundo lugar do ranking mundial de juros reais, os trabalhadores têm comprometido a renda com pagamento de dívidas, que nem cabem no orçamento. As finanças estão na corda bamba.

 

 

Com juros altos e muitas contas a pagar, o endividamento é certo. De acordo com o CNC (Confederação Nacional do Comércio), este ano, o Brasil chegou a registrar 77,8% das famílias endividadas. Quando se olha para a base da pirâmide social, a situação piora. Entre os trabalhadores que recebem até três salários mínimos, quase 90% convivem com dívidas.

 

 

Um dos principais vilões é o cartão de crédito. Em setembro, os juros do rotativo chegaram a escandalosos 451,5% ao ano. Com taxas altas, a bola de neve só cresce. Honrar um compromisso financeiro é quase impossível. A inadimplência das famílias brasileiras atingiu o recorde histórico de 30,5% no mesmo mês.

 

 

Para a CTB, que lançou a série “Impacto dos Juros Altos para a Classe Trabalhadora”, a manutenção das taxas elevadas “é boa para os patrões e indigesta para os trabalhadores”. Enquanto o sistema financeiro lucra, o povo enfrenta dificuldades.