No Brasil da fome, Bolsonaro veta reajuste da merenda

Com o aumento da desigualdade social e da fome – mais de 33 milhões de pessoas não têm o que comer - a merenda escolar é a única fonte de alimentação de milhões de crianças no Brasil. Um cenário preocupante. Mas, Bolsonaro mais uma vez mostra total desprezo. 


Em 2023, pelo sexto ano consecutivo, o PNEA (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que atende mais de 44 milhões de estudantes, vai ficar sem reajuste e receberá apenas R$ 3,69 bilhões. Sem o aumento, a merenda, que antes variava entre comida e lanche, se resume a bolacha e suco. 


O projeto aprovado pelo Congresso Nacional previa aumento para R$ 5,53 bilhões. Não é a primeira vez que Bolsonaro veta uma proposta para a merenda escolar. No início de agosto, ele vetou o reajuste de 34% aprovado pelos parlamentares. Em números, o PNEA teria mais R$ 1 bilhão no orçamento, chegando a R$ 4,6 bilhões. Valor menor do que os R$ 4,9 bilhões do fundo partidário, aprovado pelo presidente.  


Sem comida em casa, porque o salário não acompanha o aumento dos preços dos alimentos, e sem merenda na escola, a desnutrição dispara. No país, mais de 700 mil crianças com menos de 5 anos têm algum problema de desnutrição. Uma pesquisa da rede Penssan mostra que apenas 4 entre 10 famílias têm acesso pleno à alimentação. Com o descaso do governo, a insegurança alimentar grave entre as crianças com até 10 anos saltou de 9,4% em 2020 para 18,1% neste ano.