Superfaturam lucros, subfaturam vidas

Esse processo, vendido como avanço tecnológico, mascara uma profunda precarização das relações de trabalho.

Por Julia Portela

A cultura do superfaturamento e da digitalização absoluta, apresentada como símbolo de inovação e progresso, vem corroendo as bases da sociedade e comprometendo os direitos trabalhistas. O novo exemplo deste modelo desumanizante veio da Amazon, que anunciou a demissão de cerca de 14 mil pessoas em uma tentativa de reduzir custos e ampliar investimentos em inteligência artificial.

 

 

A decisão, embora global, revela um impacto direto na forma como as empresas têm tratado seus trabalhadores. A lógica do descarte em massa, antes vista como exceção, passa a ser naturalizada e incorporada à cultura corporativa. Quando uma gigante como a Amazon demite milhares sem constrangimento, abre-se o caminho para que empresas menores reproduzam o mesmo comportamento, consolidando uma mentalidade perigosa de que o trabalhador é substituível.

 

 

Esse processo, vendido como avanço tecnológico, mascara uma profunda precarização das relações de trabalho. A inteligência artificial e as ferramentas digitais, quando utilizadas sem responsabilidade social, tornam-se instrumentos de concentração de poder e exclusão de milhares de famílias do mercado formal.

 

 

No setor financeiro, o movimento segue o mesmo rumo. Bancos utilizam a digitalização para reduzir quadros, fechar agências e enfraquecer vínculos trabalhistas, enquanto ampliam lucros bilionários. O discurso da eficiência esconde o desmonte silencioso do trabalho humano.

 

 

O desafio que se impõe é político e social: defender o emprego, o trabalho digno e os direitos conquistados. A sociedade não pode aceitar que o futuro seja construído sobre a precarização de quem produz a verdadeira riqueza, o trabalhador.